Há alguns dias me deparei com a seguinte citação em um livro: “A mudança é a irmã da aceitação, mas é a irmã mais nova”.
Esta afirmação parece levar a uma inevitável dúvida: se a mudança vem depois da aceitação, do que se trata a irmã mais velha? Como devemos definir “aceitação” do ponto de vista da transformação? Foram exatamente estas as questões que surgiram, já que parece comum vermos as pessoas utilizando o termo “aceitar” para definir uma atitude passiva e conformista diante da vida: quem nunca ouviu alguém dizer o popular “aceita que dói menos”?
Resolvi, então, frente a esta questão, seguir pesquisando e refletindo sobre o estado de aceitação e seu papel no processo de mudança, para aqui trazer uma breve reflexão sobre o tema. Buscando nos textos de autores da Psicologia Positiva e de Mindfullness, percebi que o verbo “aceitar” tem ligação direta com a atitude de estar alerta. Isso significa um estado de atenção, capaz de proporcionar a observação de uma experiência ou situação sem a interferência (ou menor possível) de mecanismos que nos desliguem da realidade presente. E isso, realmente passa a fazer muito sentido, pois só posso mudar aquilo que vejo e não nego.
Quando aceito que não estou num trabalho que me gera gratificação, por exemplo, ou numa relação que não me faz bem, é que posso olhar para a minha realidade e desejar um lugar ou uma relação diferente. E este estado de “poder aceitar” nos faz perceber que esta não é uma tarefa simples e democrática. Nem todos terão a condição de aceitar a tudo, pois esta limitação, tem a ver com os recursos que cada indivíduo dispõe.
Mas por que ampliar o estado de atenção sobre a realidade não é um processo possível a todos? A resposta é simples: a realidade pode nos trazer ansiedade se não temos os recursos adequados para lidar com ela. Então, nosso aparelho psíquico busca se defender usando uma série de artimanhas que nos distraem e nos mantêm ali, no mesmo lugar. E se estamos no mesmo lugar, nada muda.
Penso que buscar ampliar a consciência de quem somos, de onde estamos e com quem estamos, nos serve como um mapa, capaz de situar no aqui e agora. E se temos um mapa, poderemos seguir adiante com uma certa “segurança”. Vejo que existem muitos caminhos possíveis para esta jornada de autoconhecimento e aceitação. Alguns mais estruturados como as psicoterapias e outros por vias como a espiritualidade ou transcedentalidade. De qualquer forma, busque se questionar sobre o quão atento à vida você está. Afinal, aceitar é viver.
O que você pensa sobre isso?