10 dicas para enfrentar o estresse e ansiedade

Apesar de ser uma tarefa muito difícil tentar não ser repetitivo ao escrever sobre dicas para enfrentar o estresse e ansiedade, busquei organizar uma sequência de informações e estratégias que julguei necessárias para aplicarmos neste período de pandemia do coronavírus e distanciamento social.

Estresse

Para iniciar, parece importante a compreensão do que são estes mecanismos tão presentes e necessários ao nosso organismo. Sim, eu disse necessário: o estresse nada mais é do que uma resposta fisiológica frente a situações que são compreendidas como ameaçadoras e está presente não só em humanos, mas em todos os animais.

Este recurso primitivo foi responsável pela evolução de nossa espécie, nos defendendo de predadores e outros riscos. Ele é o nosso sistema de alarme, sempre pronto para ser acionado quando a mente reconhece o perigo. A diferença de hoje para os tempos remotos é que os riscos reais de nos depararmos com situações que nos coloquem entre a vida e a morte são infinitamente menores do que já foram um dia.

As feras que nos deparamos diariamente estão representadas nas questões econômicas, políticas, sociais, interpessoais entre muitos outros contextos humanos. O medo da morte iminente foi substituído pelo medo do fracasso, da rejeição, do vazio e de não se dispor dos recursos básicos para manutenção da vida.

Independente de como interpretamos o que nos gera riscos, nosso organismo sempre acionará o alarme diante dele. Uma vez acionado, teremos  alterações no corpo, na mente e no comportamento. Simplificando, isto quer dizer que a forma como sentimos e nos comportamos diante daquilo que a nossa mente entende como ameaça dependerá dessa interpretação que cada um faz diante dos acontecimentos da vida. O que ameaça você pode não causar temor a outra pessoa.

Ansiedade

Quanto mais nos expusermos diante de situações ameaçadoras nosso organismo poderá desenvolver uma condição psíquica de alerta permanente, produzindo preocupações sobre possíveis riscos, nos mantendo constantemente tensos e prontos para lutar, fugir ou paralisar. A esse estado de ameaça que se mantém presente, damos o nome de ansiedade. Assim, podemos afirmar que quem está estressado pode não estar ansioso, contudo quem está ansioso está necessariamente estressado, já que a ansiedade é uma condição que resulta da exposição prolongada ao estresse.

10 dicas para enfrentar o estresse e a ansiedade

Como agirmos diante da percepção de que estamos estressados e ansiosos? Seguem, então, as dez dicas para enfrentar o estresse e ansiedade durante a pandemia e nos mantermos emocionalmente saudáveis:

1 – Compreenda

O primeiro passo para nos tornarmos menos vulnerável ao estresse é termos atitudes como esta que você está tendo agora como leitor deste artigo. Busque compreender o que é o estresse, como ele age no organismo e quais as consequências na sua saúde. Estas informações poderão lhe dar mais consciência sobre seu estado afetivo, seus pensamentos e como você está se comportando frente ao que lhe estressa. Aceitar que estamos estressados nos possibilitará agir sobre o problema.

2 – Identifique e conheça a ameaça

Seguindo a linha da compreensão, busque conhecer o que lhe ameaça. Lembre-se que o organismo pode se defender de seu estressor fazendo com que você reaja, negue ou paralise diante do problema. Trazendo para o nosso cenário atual, recorra a informações seguras sobre o contágio, a doença e seus sintomas. Situe a condição de distanciamento social como fazendo parte de uma crise que não será permanente, mas que poderá ter uma duração de médio prazo. Estes dados reais são importantes para não produzirmos fantasias exageradas ou a negação do problema.

3 – Um dia de cada vez

Tenho visto o quanto especialistas de diversas áreas enfatizam a prática do planejamento de metas neste período de reclusão. Se você se perceber estressado, talvez seja importante fazer o caminho contrário. Planejar é uma tarefa que exige colocar a vida numa perspectiva futura e que, neste momento, pode se tornar um estímulo estressor e gerador de ansiedade. Tente então se desprender de projeções e busque viver um dia de cada vez. Se há uma meta que vale ser perseguida neste período é a de se manter distante de toda situação estressora que puder ser evitada.

4 – Retire os excessos

Uma das atividades mais recorrentes em tempos de sofá é a relação com as telas. Seja o tipo de tela que for, saiba que você sempre será um sujeito passivo frente a descarga de estímulos que está se colocando à disposição de receber. Então, tome muito cuidado e seja responsável com o que consome intelectualmente. Busque reduzir a quantidade de informações dos noticiários, principalmente aqueles que giram em torno do sensacionalismo. Escolha filmes que despertem sentimentos bons de alegria, amor e esperança. Fuja de tudo que remeta a dor, perdas, sofrimentos, doenças e morte. Aos gamers, também é necessário o mesmo entendimento.

5 – Resgate boas lembranças

Dedique tempo para rever suas centenas (ou milhares) de registros fotográficos de sua vida. Este é um exercício muito poderoso, capaz de mudar nosso padrão afetivo pela mudança do foco da atenção e a solicitação de recordações e memórias afetivas antigas. Do mesmo modo, se perceber que está com dificuldade em dormir, abra seu “álbum” de lembranças boas que está aí, na sua mente, e reviva momentos que são capazes de lhe trazer paz e alegria.

6 – Desloque a atenção

A ciência valida há muito tempo os benefícios da meditação como uma prática capaz de promover a redução da ansiedade pela mudança de foco da atenção. Se esta for uma ideia que lhe pareça válido investigar, busque estudar sobre o assunto. Existem muitos profissionais especializados que trabalham com meditação e mindfullness e que costumam publicar exercícios práticos na internet. Mas, se não se sentir instigado, outros recursos também poderão ajudar na alteração do foco como atividades manuais, artísticas e físicas.

7 – Pratique atividade física

Esta é uma recomendação que está para ansiedade assim como lavar as mãos está para o coronavírus. Praticar atividade física é fundamental para termos uma boa saúde. E se tratando de estresse, é extremamente importante para regulação hormonal e a descarga da tensão física. Então, assim como a meditação, busque profissionais que postem conteúdos sobre exercícios que possam ser úteis neste período de reclusão e feitos de forma moderada em casa. Mexa-se!

8 – Mude de ponto de vista

Se sua mente insistir em lhe apresentar estímulos estressores através de pensamentos intrusivos sobre as mais diversas ameaças, tente assumir o comando dialogando com seus pensamentos. Busque mudar de perspectiva, identificando qual o padrão de pensamento você está produzindo. Se a mente estiver trazendo pensamentos pessimistas sobre seu futuro financeiro, por exemplo, passe a se questionar sobre como você poderia economizar ou ganhar uma renda extra. Para auxiliar esta tarefa, faça uso de um papel e caneta para registar suas alternativas. Este tipo de prática poderá cessar os pensamentos negativos e ainda trazer soluções reais para os problemas.

9 – Seja generoso

A generosidade é uma atitude que tem sido pesquisada principalmente pela Psicologia Positiva, que é uma vertente nova das ciências psicológicas. Muitos estudos apontam que a atitude generosa frente ao outro é capaz de gerar um estado de bem-estar e gratificação, que nos inundam de emoções positivas. Na prática a doação, seja qual for, é a atitude onde todos ganham. Use de sua criatividade e pense de que forma você poderá praticar a generosidade no distanciamento.

10 – Por fim, perdoe

O conhecimento e a prática de tudo que você acabou de ler poderá auxiliá-lo a reconhecer e administrar as alterações que o estresse e a ansiedade causam neste momento de pressão social ao qual todos estamos inseridos. Mas, talvez você venha a se deparar com um comportamento manifestado de forma impulsiva e com resultados negativos para você ou outras pessoas. Aquele tipo de atitude que poderá parecer exagerada ou descontrolada. Se isso vier a ocorrer, tendo você como autor, busque se perdoar. Somos seres naturalmente falíveis e não é possível, tampouco saudável, termos o controle de tudo.

Então, reconheça-se sobre o efeito do estresse e da ansiedade e busque reparar o que for possível. E se você participar de uma situação semelhante, diante de alguém que pareça estar sobrecarregado e necessitando extravasar, busque não reagir. Use do mesmo olhar compreensivo para entender e perdoar o outro. Afinal, estas são lições para uma vida toda, em qualquer situação.

Se você tiver dúvidas ou desejar fazer algum comentário sobre estas dicas de como enfrentar o estresse e ansiedade, escreva no campo abaixo!

 

Segue os links de algumas instituições de referência que estão oferecendo atendimento online gratuito em virtude da pandemia. Clique para acessar:

Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre

Plantão Psicológico UNINASSAU

Universidade Federal do Piauí

Também estou disponibilizando uma agenda especial para atendimento psicológico online, de forma gratuita. Para ter acesso ao serviço, clique aqui e entre em contato.

Conheça também:

Grupo de reflexão e apoio emocional Psicólogo Eduardo Simas

3 Comments

  1. Ana Claudiasays:

    Primeiro quero parabenizar pelo texto! Trouxe explicações que me esclareceram muito. Poderia me dizer algo sobre o uso de medicações? Obrigado!

    1. eduardosimassays:

      Olá Ana Claudia! Obrigado pelo retorno! Sobre sua questão, é importante sabermos que a ansiedade, por se tratar de uma resposta fisiológica, quando outros métodos não são bem sucedidos no alívio dos sintomas, se faz de grande importância o uso de medicações específicas. Assim, uma avaliação psiquiátrica é a indicação mais adequada.

    2. Lisiane Bergmann Anselmosays:

      Leitura maravilhosa!!! Esclarecedora e motivadora para os dias difíceis que estamos passando. Precisamos de artigos que além de informar, nos aponte o que podemos fazer para reagir perante as adversidades da vida… Olhar humano e fraterno. Parabéns!

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